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Foto do escritorClaayton Nantes

BOLETIM 1057 - Magnificat - Que se cumpra em mim o Teu querer

Nº 1057 ANO XX 26/12/2020 a 01/01/2021


“Magnificat” é o termo latino da tradução para Bíblia Vulgata no trecho do “Cântico de Maria” Lucas 1:46-55, que ela compôs como gratidão por ter sido escolhida para gerar “O Verbo que se fez carne, o Filho de Deus – Jesus”.

Impressionante como nesta poesia, conseguimos ver o tanto que Maria conhecia do Antigo Testamento. Mesmo sendo tão nova, uma jovem adolescente, mas com um conhecimento tão profundo a ponto de em frases subliminares apresentar um resumo de trechos pontuais do Antigo Testamento.

Podemos defini-lo como uma revolucionária oração de Maria, uma jovem cheia de fé, consciente dos seus limites, mas confiante nas misericórdias divinas. Esse pequeno trecho exprime a espiritualidade de Maria.

Inspirado no Antigo Testamento, revela a graça inefável do Novo Testamento, de intervenção divina e esperança messiânica para todo o povo. Maria fala de Deus e as maravilhas que Ele realizou, nela, no seu povo e no mundo ao cumprir a promessa que enviaria o Salvador, o Desejado das nações!

É notório que seu cântico teve como ‘pano de fundo’ o cântico de Ana pela concepção de seu filho Samuel – 1 Samuel 2:1-10.

“Magnificat” – o termo que inicia o cântico no latim nos leva a magnificar, engrandecer, celebrar a grandeza de Deus, depois do anúncio que o anjo fez à Maria, embora um Deus potente e misericordioso, Maria manifesta o sentimento de sua pequenez “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”. “A humildade de sua serva” ou “a humilhação da sua escrava”, provavelmente Maria fez inferência à humilhação e miséria de uma mulher estéril em 1 Samuel 1:11.

As palavras “bem aventurada”, tem como ponto de partida a felicitação de Isabel.

O Magnificat assemelha-se a um salmo de louvor, composto de três partes: a) uma introdução ao louvor de Deus; b) o corpo do salmo, enumerando os motivos do louvor; c) a conclusão, que pode recapitular alguns dos motivos do louvor, incluir uma bênção ou apresentar uma súplica.

“O Senhor fez em mim grandes coisas” “Grandes coisas” são: 1) antes de tudo, as grandes libertações realizadas por Deus na história de seu Povo: a egípcia, a babilônica e a messiânica no fim dos tempos; 2) são também as maravilhas operadas por Deus no deserto: o maná, a água da rocha, a serpente de bronze, as codornizes, etc.; 3) são ainda as libertações da esterilidade, de que foram objeto as matriarcas Sara, Rebeca, Raquel, Ana, etc.; 4) são enfim as libertações realizadas ou ao menos cantadas por grandes mulheres, como Miriam, a irmã de Moisés; Ana, a mãe de Samuel; Débora, a juíza; Jael, a matadora de Sísera; Ester, por cuja intercessão o povo foi salvo do extermínio. Maior, porém, que todas essas libertações é aquela de que Maria é a portadora: a libertação soteriológica e escatológica. Lucas 1:52 - “Derruba de seu trono...” Chegamos aqui ao pico do poema. “Derruba”, kath-ei-len, significa: de-põe, põe abaixo, abate. Palavra ousada, fortíssima! É a “subversão de Deus” em relação a todas as hierarquias injustas e a todas as “ordens violentas”. É a “revolução de Deus” que está em ação na história. A “derrubada dos Poderosos” é uma idéia que pertence ao conceito bíblico de Deus, em sua atuação histórica (cf. Jó 12,18-19; Is 2,11-17; Dn 4,34). Vem o mais das vezes expressa em forma ampliada e contrastante: Deus “humilha os orgulhosos e exalta os humilhados” (cf. Pv 3:34; Jó 22:29; Sl 18:28; Is 2:12; Ez 21:32; 2Sm 2:7; Lc 14:11; 18:14; Mt 23:12). Como se vê, o Deus do Magnificat é o Deus bíblico, isto é, um Deus verdadeiramente revolucionário. A idéia de “revira-volta”, de “inversão de posições” ou simplesmente de “re-volução” das situações é central na Bíblia. Ela tem um alcance, não só escatológico (no Juízo), mas também histórico (na vida).

Proclamando a “derrubada dos poderosos” Maria devia pensar nos opressores históricos do Povo santo, que acabaram sendo humilhados por Deus, como o Faraó (Ex 14: passagem do Mar Vermelho), o rei Antíoco IV Hamã (Et 1:1) e especialmente Nabucodonosor (Dn 4).

“e eleva os humildes” Essa idéia é expressa, na Bíblia, também de modo absoluto, sem o contraponto da humilhação dos soberbos (Jó 5:11; Sl 113:7-8). O Deus bíblico é o exaltador ou o reabilitador dos humilhados. Em quem Maria deve ter pensado quando se refere aos humildes, elevados por Deus? Certamente em Abraão, em Moisés (Nm 12,3), em Jó (Jó 42,10-17) e, sem dúvida, nela mesma.

“Sacia de bens os famintos” O Deus bíblico não quer famintos, ao contrário, ele manda saciá-los (cf. Dt 19,15-18). Mais, ele mesmo provê alimento às suas criaturas, como proclamam os Salmos (34:11; 107:8-9; 104:27-28; 136:25).

Assim, o ritmo do Cântico se termina num ralentando solene e seu tom num decrescendo admirável, enquanto sua Luz nos alcança a nós, que vivemos nos dias de hoje. Que esta seja sua declaração a cada dia: “Que se cumpra em mim Teu querer, Senhor!

Claayton Nantes

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